O Ateliê tem dedicado suas manhãs para conhecer o universo das formigas. Levantamos várias hipóteses: O corpo dela é igual ao nosso? O que é igual? O que é diferente?
“A boca do ser humano abre para cima e para baixo e a da formiga abre para os lados.” (Pedro T.)
“A formiga é da família das abelhas!” (Ana)
“Ela consegue carregar muitas coisas porque é muito forte”. (Carolina)
” A formiga bate o bumbum no chão para avisar que tem comida e que está por perto”. (Filipa)
“A formiga tem seis patas”. (Marina)
Curiosas com o tamanho do corpo das formigas, as crianças conheceram as esculturas do colombiano Rafael Gómezbarros, “Casa Tomada”. Ficaram impressionadas com os tamanhos das obras e colocaram a mão na massa para criar suas releituras!
Jean, professor da Oficina de Cultura Popular, começou a nos apresentar algumas brincadeiras tradicionais. Inspiradas no livro Kakopi Kakopi! Brincando e jogando com as crianças de vinte países africanos, do autor Rogério Andrade Barbosa, fomos conhecendo jogos e brincadeiras vindos da África. Percebemos que muitos deles possuem variações aqui no Brasil e que já faziam parte do nosso repertório.
Sempre acompanhado de cantigas populares, Jean nos ensina suas músicas e melodias, enquanto nos divertimos. Em sua última aula, aproveitamos para listar todas as brincadeiras que havíamos conhecido, lembrando uma por uma: “Bate o pilão”, “Jogo do limão”, “Passa anel”, “Arsherez” (pique-caranguejo), “Tum tum”, “Gadidé” e “Lá na curva da estrada”. Relembrando suas regras e comandos, ao final da construção da lista escolhemos algumas brincadeiras e voltamos a brincar.
Com o encerramento do projeto do corpo humano, as turmas de Ateliê começaram a explorar as frutas e os seus benefícios para a saúde do corpo.
Como disparador do projeto utilizamos a obra “O Vendedor de Frutas”, da Tarsila do Amaral, para as crianças examinarem os elementos apresentados.
“What do you see?” . Algumas respondiam “A boat”. Outras reconheceram primeiro as frutas: “Oranges!”, “Pineapple!”, “Bananas!”. Gostamos tanto do que vimos na obra que pensamos “Será que ele está vendendo essas frutas na feira?”. E, se sim, “O que poderíamos fazer com as frutas?”. Depois de muitas ideias de receitas, optamos por fazer uma fruit salad.
What fruits do we need?
Incentivando o uso dos nomes e as quantidades necessárias na língua inglesa, planejamos quais frutas fariam parte da receita e montamos uma lista de compras. No dia seguinte, fizemos um delicioso passeio à Cobal do Humaitá, com a listinha na mão de cada um, procurando os ingredientes escolhidos.
Chegou o dia de fazer a receita! Revisitamos a lista e conferimos as quantidades, e, antes do preparo, reforçamos a importância da higiene tanto das frutas quanto das mãos: “Time to wash your hands and the fruits!”.
Ouvindo os comandos em inglês, as crianças ajudaram na montagem : “Cut the apple” ,”Peel the mango”, “Mix the fruits”…
As crianças se deliciaram com o resultado, que foi servido de sobremesa depois do almoço.
A Turma do Saci foi surpreendida ao encontrar um chapéu de bruxa e algumas pistas espalhadas pela escola. Curiosas, as crianças foram percorrendo cada espaço e encontrando pedaços de um quebra-cabeça. Ao final, juntamos as peças e descobrimos que era uma foto da Cuca, personagem do Folclore Brasileiro.
Fomos pesquisar mais sobre a famosa bruxa e assistimos à contação da história Cuca, qual a cor da sua toca?, de Lalau e Laurabeatriz. Descobrimos que a Cuca é uma bruxa amiga do Curupira e do Saci, que possui corpo de jacaré, vive na floresta e elabora poções mágicas com ingredientes inusitados, como cocô de rato e pum de percevejo.
Envolvida pela novidade, a turma aproveitou para brincar de voar na vassoura, correr pelo pátio e soltar a imaginação.
Conhecemos também o artista pantaneiro Pedro Morato, que grafita jacarés pelos muros de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Inspirado pelas características do trabalho do artista, o grupo experimentou elaborar suas próprias obras, utilizando tinta, estêncil e giz pastel.
A Cuca é mais uma personagem do nosso folclore que apresenta novos caminhos e possibilidades ao projeto da turma.
O samba vem rendendo desdobramentos na Turma do Tambor. O livro A Escola do Cachorro Sambista, de Mariana Massarani, que inspirou nossa feijoada, conta a história das mães do samba, dando destaque para Hilária Batista de Almeida, mais conhecida como Tia Ciata. Para contextualizar sua história e seu lugar de atuação, visitamos a Pedra do Sal, passando pelo espaço cultural que leva seu nome.
Os pequenos relataram os detalhes da nossa tarde memorável em um texto coletivo, tendo a professora como escriba e mediadora do relato:
A gente entrou no ônibus e no caminho vimos carros, motos, bicicletas, VLT. Passamos pelo túnel e chegamos na Pedra do Sal. Subimos as escadas, vimos grafites da Tia Ciata, do Heitor dos Prazeres e dos tambores. Nós sentamos na pedra e escorregamos com o bumbum. Entramos de volta no ônibus e paramos na porta da Casa da Tia Ciata. Nós conhecemos a Gracy e demos uma carta para ela, pedindo para conhecer lá dentro. Descobrimos que a Tia Ciata é bisavó dela. Ela contou que está preparando a casa com uma oficina de tambor e nós vamos lá outro dia. Depois a gente foi fazer um piquenique no jardim do MAM. Vimos aviões, barquinhos, nuvens, sol e o Pão de Açúcar. Brincamos de pique-esconde, pique-pega e dançamos enquanto o Alexandre tocava o tambor. Depois entramos no ônibus e voltamos para a escola. Nós gostamos muito e queremos passear mais!
O texto coletivo permite que as crianças se organizem por meio da linguagem oral, exercendo a escuta, ampliando o repertório de palavras, experienciando uma forma de gênero textual em contato com o universo letrado.
Aproveitando os ingredientes que compramos no mercado na semana passada e dando continuidade à pesquisa sobre a palmeira juçara, que está ameaçada de extinção, a Turma da Natureza preparou uma receita com o palmito pupunha.
As crianças manusearam o palmito e sentiram o cheiro. Cortamos os palmitos e depois os provamos da forma natural. A turma comentou “parece banana cortada” e “é duro”. Logo depois, preparamos o palmito gratinado com manteiga e queijo ralado. O grupo participou de todas as etapas, desde untar o tabuleiro a cortar o palmito e adicionar os ingredientes. Enquanto a receita era gratinada no forno, nos deliciamos com as frutas que ganhamos do dono do mercado. Após alguns minutos, o queijo gratinou, retiramos a travessa do forno e iniciamos a melhor parte da culinária: degustar. Cada criança manifestou o seu gosto, as opiniões ficaram divididas, entre os que apreciaram e os que não aprovaram. Depois fomos oferecer a nossa receita para as outras pessoas da escola e fez muito sucesso!
As crianças também fizeram pintura de observação de fotos da palmeira juçara e dos seus frutos (coquinhos).
Que os animais das nossas matas despertam um interesse especial na Turma da Floresta, não é novidade. Como desdobramento das muitas conversas sobre a Floresta Amazônica e seus animais que correm risco de extinção, lemos o livro Na floresta do bicho-preguiça, dos franceses Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, que conta a história de uma floresta que está sendo devastada pelas mãos humanas. O texto, porém, traz uma chama de esperança para o renascimento daquele ambiente. As páginas em “pop-up” encantaram as crianças com tamanha riqueza da flora e da fauna da floresta, ao mesmo tempo em que abordam sua vulnerabilidade.
E o bicho-preguiça, consegue vê-lo? Em que florestas ele vive? Em nossa roda de conversa algumas crianças disseram que conhecem uma floresta não muito longe da escola. Será que o bicho-preguiça anda por lá? Vamos rumo à Floresta da Tijuca!
A Turma da Amazônia fez um passeio para a Floresta da Tijuca de ônibus com o motorista Léo. Quando chegamos no parque tocamos em uma árvore com um tronco bem mole, chamada eucalipto. Andamos um pouco e encontramos a árvore Tambor, que tem raízes muito grandes cheias de água. Pegamos um graveto grande e tocamos nas raízes para fazer um som de tambor. Demos as mãos para os amigos, abraçamos a árvore, girando em volta dela, cantando a música Amazônia, do Palavra Cantada. Depois caminhamos de mansinho para não quebrar o encanto da floresta e sentamos em roda. Ficamos em silêncio para ouvir o som da natureza e ouvimos a lenda da origem dos Munduruku. Fizemos uma fogueira imaginária para iluminar a roda e brincamos de esquentar comidas nela. Na roda, imaginamos como deveria ser caso fôssemos indígenas: teríamos que caçar, usar roupas de folhas, se proteger do frio na fogueira e construir casas somente com folhas, palhas, madeiras e outras coisas que tem na natureza. Depois nós lanchamos e brincamos de pique árvore, que foi muito divertido. Antes de ir embora, fizemos uma trilha mágica, com duas pontes, muitos bichinhos e várias placas sinalizando caminhos diferentes. Quando acabou a trilha, o ônibus já estava esperando a gente para voltar pra escola. O passeio foi muito legal. Queremos voltar sempre.
Texto Coletivo
A Turma da Tapioca mergulhou na literatura do poeta brasileiro Manoel de Barros, nascido no estado do Mato Grosso, região pesquisada pelas crianças. Entre algumas leituras que fizemos, conhecemos uma das narrativas do autor, O Menino que carregava água na peneira. Em seguida, as crianças comentaram o texto:
“Como ele carregava água na peneira?”
“Ele usava a imaginação igual as crianças!”
Depois de ouvirmos com atenção sua forma única de explorar as palavras, conhecemos a artista visual Martha Barros, filha de Manoel. Apreciamos uma de suas obras, Origem das coisas, e inspirados nos traços de Martha fizemos uma “bagunça” com as cores ao representar uma releitura da obra.