Que diversidade existe na Sá Pereira? Quando comparamos o universo da Sá Pereira com o universo brasileiro que diferenças encontramos? Como a matemática pode nos ajudar a entender essas questões?
Essas são as perguntas que neste começo de ano estamos debatendo com os estudantes em nossa semana de sensibilização para o projeto institucional. Fizemos uma dinâmica na qual os alunos precisavam se juntar em diferentes grupos de acordo com as categorias que íamos sugerindo.
Nos países em geral, uma das ferramentas para orientar políticas públicas vem de uma pesquisa conhecida como Censo. A palavra vem do latim census e quer dizer “conjunto dos dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, província, estado, nação“. O Censo é a única pesquisa que procura visitar todos os domicílios brasileiros (cerca de 58 milhões espalhados por 8.514.876,599 km²). O Censo no Brasil é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Essa pesquisa é feita no Brasil de 10 em 10 anos, tendo sido o último Censo realizado com dois anos de atraso, em 2022, por conta da pandemia e por cortes orçamentários. Nos últimos anos a própria realização do censo vem sendo criticada por questões políticas, gerando debates sobre a sua importância. Afinal de contas, como podemos desenvolver políticas públicas se não temos informações sobre a população?
Em 2023, fundaremos juntos o ISPE (Instituto Sá Pereira de Estatística), pelo qual pesquisaremos informações sobre o corpo discente do EF2/EM e sobre o nosso corpo docente. Essa será a nossa amostragem.
Durante o processo, vamos entender como se constrói um censo, desenvolveremos questionários, construiremos gráficos/tabelas e trataremos essas informações.
Ao final do ano, chegaremos a conclusões acerca da diversidade que constitui a nossa escola.
O desafio está lançado.
Nas aulas de Dança de F6 a F9, trabalhamos o conceito de ritmo e diversidade, apresentando uma sequência rítmica e criando diferentes movimentos para ela. Juntos, discutimos o quão nosso país é diverso, em ritmos, cores, sabores, gentes, etc.
Para encerrar nosso encontro, lemos juntos a definição de Luiz Antônio Simas para diversidade:”Divertido vem de divertere, virar em diferentes direções, de dis-, ‘para o lado’, mais vertere, ‘virar’. Diversidade também vem daí. Divertido, diverso, diversão, diversidade: a possibilidade de vivenciar as coisas de outras formas.”
Fund II – História
Quando refletimos sobre a diversidade e a formação do Brasil devemos pensar também nas diferentes culturas que aportaram em nosso território, e em como elas ajudaram a construir o nosso país.
Foram muitos os motivos para que essas comunidades chegassem ao Brasil, e, na maioria dos casos, essa imigração não foi por escolha própria, nem tampouco pacífica. O Brasil é, portanto, local de diferentes diásporas.
O caso mais emblemático é, sem dúvida, a diáspora forçada africana, que ao longo de mais de 300 anos fez do Rio de Janeiro, nossa cidade, o lugar que mais recebeu escravizados da América. Essa história foi alvo de apagamento constante e precisa ser a todo momento relembrada, pois o racismo estrutural ainda persiste e está intimamente ligado a essa trajetória.
Mas que outras diásporas também ajudaram a construir nosso país?
Com base nesta pergunta, no primeiro trimestre convidaremos nossos estudantes do Fundamental II a estudar a história e as características dessas comunidades. Cada série será responsável por pesquisar a contribuição destas diferentes culturas em áreas como festividades, personalidades, culinária, linguagem, artes/ciência etc.
O Brasil é tão grande, tão rico, que mergulhar nesse universo será uma das chaves para conhecermos melhor a nós mesmos.
F6 e F7 – Música
As aulas de música da F6 e F7 e iniciaram abordando as visões de Brasil presentes na letra de três sambas-enredos diferentes: “Aquarela Brasileira”, de Silas de Oliveira (Império Serrano – 1964); “História pra Ninar Gente Grande”, de Manu da Cuica (Mangueira – 2019); e “Brasil!”, de Gustavo Albuquerque (Sá Pereira – 2023).
O ponto de partida para nossa discussão foi destacar os anos de criação dos sambas e entender o contexto histórico de cada período. As turmas notaram a abordagem de “cartão postal” para turista ver (“vendendo” as belezas regionais do nosso país) presente no sucesso do Império Serrano, em contraste com a visão crítica da história oficial do Brasil cantada no samba mangueirense de 2019. A “aquarela” de cores leves imperiana (composta nos anos de chumbo) em contraponto com a história escrita com “sangue retinto e pisado” da Mangueira (criada após a morte da vereadora Marielle Franco, alfinetando o governo da época).
A partir daí as crianças situaram o Samba da Sá Pereira como um meio termo entre as duas visões anteriores, levando em consideração a retomada após a quarentena, a pandemia e a turbulência na política, evocando a união e a diversidade, impregnada de otimismo.
Palavras desconhecidas encontradas nos três sambas nos levaram a uma breve pesquisa para conhecer melhor Luiza Mahin, Leci Brandão, Jamelão, Castro Alves, piás, guris, frevo e maracatu.
As F8 tiveram a sua primeira aula de música do ano na semana passada. Como não nos conhecíamos, iniciamos a aula com uma atividade de apresentação: a turma foi dividida em grupos e cada grupo foi desafiado a criar uma composição, utilizando como ferramenta os nomes dos integrantes e a percussão corporal.
Na sequência, nos dedicamos a conhecer o samba “Brasil!”, vencedor do concurso da escola em 2023. Ouvimos e cantamos a música, analisamos e discutimos sua letra.
Nesta semana, aproveitando a época de Carnaval, e o quanto essa festa dialoga com o nosso Projeto Institucional, fomos conhecer um pouco do Carnaval da Bahia através do documentário sobre o Bloco Afoxé Filhos de Gandhi. Depois de conhecer a história do bloco, nos dedicamos a aprender as células rítmicas do Ijexá.
Nas próximas aulas vamos iniciar o estudo do pandeiro.
Como não poderia deixar de ser, ainda mais sabendo que o Carnaval celebra a diversidade, iniciamos o ano nas aulas de música das F9 nos apresentando ao improvisar ritmicamente com os instrumentos nossos nomes, seguindo a marcação do pulso binário do surdo.
Em seguida, ouvimos o samba “Brasil!”, de Gustavo Albuquerque, samba deste ano do bloco da escola, e tentamos acompanhá-lo fazendo a levada do surdo de primeira.
Refletindo sobre a letra, surgiu a pergunta: Afinal, Carnaval é brincadeira ou não é? Um excelente questionamento, já que vamos abordar a diversidade nas festas populares, nos seus rituais coletivos em que o sagrado, o profano, a brincadeira e o compromisso convivem e dão o tom, equalizando todas essas contradições.