Ateliê – Cultura Popular
Essa oficina no Ateliê se propõe a apresentar o universo da nossa cultura por meio do calendário das festas populares. Com o Carnaval no início de ano não foi diferente.
Investigando suas origens, nos deparamos com os Zé Pereiras, grupos de origem portuguesa que, sobretudo no norte de seu país, tocam bombos enormes e caixas, de maneira bem performática, incluindo a presença de bonecos gigantes. Essa tradição portuguesa teria influenciado o carnaval carioca. Nas aulas, aprendemos o toque marcial no tambor, característica da famosa marcha carnavalesca, que é respondida pelo grito de “Zé Pereira!”.
Dando continuidade ao assunto dos tambores grandes, decidimos investigar mais um pouco e encontramos os Maracatus. No seu formato em cortejo, dançante e percussivo, o Maracatu é tido como um auto dramático que celebra o coroamento do Rei e da Rainha, ligado à instituição do Rei do Congo. Acima de suas cabeças paira um pálio colorido, um enorme guarda-sol. À frente das bailarinas vão as Damas do Passo, segurando suas bonecas calungas, que representam os antepassados e a ancestralidade. Na parte de trás vêm os batuqueiros com suas enormes alfaias, tambores-treme-terra, caixas, xequerês, gonguês e mineiros.
Começamos tentando entender musicalmente uma clave tocada pelo gonguê, que parece perguntar: “Que é que tem Zé”? A ideia é pesquisar mais sobre as danças, as toadas e estandartes e, a partir desse conhecimento, construir nossos próprios elementos, como estandartes, coroas, calungas e pálios, para experimentarmos fazer o nosso próprio cortejo. Aguardem.
Como o colo é retratado na literatura, nas artes e em culturas distintas? Com essa pergunta, seguimos traçando os primeiros passos de pesquisas.
Junto com o livro Quero Colo, de Stela Barbieri, a Turma do Colo vem explorando algumas obras do artista equatoriano Eduardo Kingman. Conhecido como “pintor das mãos”, ele retrata diferentes sentimentos humanos, dando grande destaque para elas. Mãos que cuidam, acolhem, abraçam. La Flor, Perfil Maternal e Maternidad têm norteado nossos encaminhamentos desde a sensibilização até a escolha do nome da turma. Apreciamos suas características, ressaltando seus tons, detalhes e as percepções do grupo.
Os pequenos tiveram a oportunidade de realizar trabalhos de artes inspirados nas obras, utilizando diversas técnicas em suas composições. Perfil Maternal e Maternidad chamaram a atenção da criançada, que destacou: “Os bebês estão no colo”! “As mãos seguram o bumbum e as costas do bebê”!
Para direcionar nosso olhar para o colo em diferentes culturas, apreciamos a exposição Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak, no CCBB. A experiência será publicada na próxima edição do informe.
A turma recebeu a visita de Vitória e Eduardo, pais da amiga Aurora. Ambos médicos, vieram conversar com o grupo sobre o cuidado e o funcionamento do nosso corpo. Em roda, as crianças levantaram uma série de perguntas e puderam tirar dúvidas. Vitória e Eduardo apresentaram algumas imagens do coração anatômico e ajudaram as crianças a ouvir o coração uns dos outros utilizando o estetoscópio. O grupo ficou surpreso ao descobrir que, quanto menor o coração, mais rápido ele bate.
Em um segundo momento, conversamos sobre a gestação de Vitória, escutamos o batimento cardíaco do bebê e assistimos a uma animação que mostra como acontece sua formação dentro da barriga. Ao final, as crianças entregaram um presente especial que fizeram para agradecer a visita.
Envolvida pelo cuidado com o corpo, a turma listou uma série de possibilidades e cuidados que temos em nossas casas quando não nos sentimos bem ou estamos doentes. Dentre as sugestões estavam descansar, comer canja e tomar chá. Aproveitamos a discussão e propusemos aos pequenos um momento de degustação de chás. Juntos, preparamos e provamos chá de hibisco, maçã com canela, camomila e chá verde. Conversamos sobre os benefícios do chá, sua importância em outras culturas, os impactos dos chás em nosso corpo e a relação das ervas medicinais com o cuidado e a saúde. Um momento divertido, de experimentação e muita conversa boa!
Após uma visita à Biblioteca, onde a turma do Amor pôde explorar e compartilhar livros, um em especial chamou a atenção do grupo: Mudanças, de Ilan Brenman. Nele, algumas imagens que retratam o crescimento de um bebê animaram a turma, principalmente o parágrafo que descreve a amamentação.
Aproveitamos o momento de entusiasmo e interesse para apresentar a obra “Maternidade”, do artista Gilberto Gomes, que provocou nas crianças algumas reflexões sobre amamentação e alimentação dos bebês. Lançamos mão de algumas perguntas: Quem cuida dos bebês? Como os bebês se alimentam? Quem os alimenta ?
“Bebês comem frutas.”
“Eles precisam de iogurte.”
“Eles precisam de mamadeira.”
“Pai e mãe cuidam dos bebês.”
“Bebem suco, água e papinha.”
Durante a semana, enviamos uma pesquisa para que as crianças pudessem compartilhar fotos de quando eram bebês em momentos em que estivessem sendo cuidadas. A partir desses registros pessoais, novas perspectivas estão surgindo, ampliando as discussões nas rodas de conversa. Envolvido com esse tema, o grupo está produzindo um mural com as fotografias que chegam e, aos poucos, estão identificando diferentes tipos de cuidados e cuidadores.
A turma conheceu a história “Todos os cachorros do meu bairro”, de Philip Stead. Durante a leitura., acompanhamos o personagem Luís e sua avó. Cheio de curiosidade e com o desejo de ter um cachorro, Luís investiga a quantidade e a diversidade de pets em seu bairro. Ao final da pesquisa, é surpreendido pela avó, que realiza seu desejo.
Com um desenrolar encantador, a turma observou a importância do cuidado com os animais na história. Aproveitamos a oportunidade e fizemos uma contagem dos animais de estimação do grupo. Vvimos, através de um gráfico, que a quantidade de gatos é maior que a quantidade de cachorros e peixinhos na casa das crianças. Desta forma, aproximamos as crianças desse recurso matemático, que facilita a leitura e a compreensão de informações.
Outro momento significativo foi a visita do Pipoca, o coelho de estimação do nosso amigo Theodoro, do primeiro ano. Durante a visita, Isabelle, mãe do Theodoro, nos contou sobre alguns cuidados especiais realizados com o coelhinho Pipoca:
“Pipoca não come cenoura e nem alface, ele gosta de rúcula e folhas escuras. Ele se alimenta durante as refeições da família, no café da manhã, no almoço e no jantar. E come alguns lanchinhos durante o dia. Pipoca é bastante bagunceiro e curioso. Adora correr e quando está com medo é importante cobrir seus olhos e seus ouvidos, ele fica mais seguro. Sua audição é bastante aguçada por causa de suas orelhas compridas. Ele ainda é um bebê, tem seis meses e toma banho sozinho, ele mesmo se limpa.”
A partir do desejo das crianças em pesquisar sobre o cuidado com os animais, vamos traçando de forma significativa e afetuosa o caminho do projeto, tendo como ponto de partida os bichos de estimação de nossas casas e os animais que estão próximos da gente. Pretendemos nos aproximar e investigar mais sobre como podemos cuidar dos animais para que eles vivam felizes e saudáveis e todos possamos viver em harmonia e em equilíbrio com o meio ambiente.
A Turma do Cafuné esteve no Jardim Botânico para visitar o Jardim Sensorial. Fomos apanhados de surpresa com a notícia de que o jardim encontrava-se fechado para manutenção. No entanto, o grupo soube aproveitar sabiamente toda a beleza ofertada por esse patrimônio histórico, tão importante para a cidade do Rio de Janeiro. No retorno, elaboraram um texto coletivo com o relato da recente experiência.
A Turma do Cafuné foi muito animada para o passeio do Jardim Botânico. O calor estava forte e até as tartarugas estavam debaixo da água, o que nos deu a ideia de também nos refrescar bebendo muita água. Assim que chegamos descobrimos que o Jardim Sensorial estava fechado. Lilás, uma professora – do Instituto de Pesquisas do JB- que cuida das plantas, veio conversar com a gente para explicar porque que estava em manutenção: as plantas eram bebês e muito sensíveis para tocarmos, Lilás nos convidou para voltarmos outro dia.
Fomos caminhar para olhar as árvores e procurar o parquinho, correndo muito. Vimos o bambuzal macaco-prego, plantas, flores, árvores, Vitória Régias e muito mais. Quando chegamos no parquinho, fomos lanchar um delicioso banquete e depois brincar. Para ficar guardardo na memória este dia, tiramos uma foto com todo mundo no portal do parquinho. O passeio foi uma delícia!
Inspirados no carnaval e especialmente no samba, aproveitamos para trabalhar conceitos básicos de pulso musical, através do encaixe rítmico e da levada de cada instrumento.
A ideia, nesses momentos, é percebermos que, cada um se mantendo fiel à execução da parte rítmica do seu instrumento, é possível construirmos juntos um ritmo coletivo, onde cada frase rítmica dialoga, numa sequência de pergunta e resposta, com a batida que os demais amigos estão tocando.
Bom para conhecermos mais sobre o surdo, o tamborim, o pandeiro e o ganzá, sempre utilizando também a silabação do nome de cada um desses instrumentos, associado ao próprio fraseado rítmico que caracteriza suas respectivas levadas. A exemplo do “sur-do”, com sua marcação binária e sua levada de mão-baqueta.
Percebemos, também, a necessidade da organização e atenção corporal para as performances com os instrumentos. Saber ouvir o que está sendo tocado é fundamental, entender o silêncio, que no caso da levada do surdo é tocado pela mão ao abafar a pele do tambor entre os golpes das baquetas. Para coroar essa atividade e ainda contemplar um pouco a ideia geral do nosso projeto pedagógico deste ano, trouxemos a música Aquele Abraço, do Gilberto Gil, para as crianças conhecerem.
Agora com os nomes das turmas já escolhidos e com cada turma trilhando os rumos de seus próprios projetos, estamos buscando ampliar nosso repertório de músicas e atividades.
Das canções de ninar que nos dão colo às rimas da palavra cafuné e ao tambor que trazemos no peito — que podemos sentir e escutar ao encostarmos o ouvido no peito do amigo, para ver se está batendo lento como uma tartaruga ou acelerado como um passarinho. Do tanto de sons orgânicos que desde a barriga da nossa mãe a gente escuta e já transforma em balbucios e sons guturais que produzimos ainda bebês.
Do Coração Bobo do Alceu Valença à Amizade contada pelo Fundo de Quintal, com carinho e muito cuidado parece que vem muita coisa boa por aí.